
eu sentia como se estivesse amarrada a uma fogueira,eu me debatia e gritava,mas não saia som algum.
Era como... como se eu tivesse fogo correndo em minhas veias,ao invés de sangue.
Eu as sentia secando,como se o sangue estivesse sendo absorvido.
Meu corpo tinha espasmos,e eu me sentia cada vez mais vazia...
Mas eu fui me acostumando,passei a ignorar a dor e tentar me concentrar em outra coisa.
Foi quando ouvi meu coração,eu me lembrava de tê-lo ouvido pela maquina do hospital depois do incidente com James,e ele definitivamente não estava do mesmo jeito.
Ele parecia mais lento.. como se estivesse cansado,ele batia fracamente,como se soubesse que eu já estava morrendo mesmo,não precisava mais se esforçar.
Mas eu não estava morrendo,eu estava acordando para uma nova vida.
Ouvi minha respiração indo e voltando,meu pulmão e diafragma fazendo seu trabalho,e cansei de ouvir meus órgãos internos.
Foi quando ouvi uma respiração forçada perto de mim,era superficial,como se estivesse respirando só por hábito.
Senti um cheiro bom,era algo como canela,couro e... hm... livro novo? Yeah,era parecido com cheiro de livros novos,quando os abrimos pela primeira vez.
Ah,eu adoro esse cheiro.
O fogo começou a passar,mas não era se estivesse se extinguindo,era como se um ponto dentro de mim,-meu coração talvez.-,puxasse todo o fogo só pra ele,como se sugasse. Logo a ponta dos meus dedos já não queimavam,meus pés foram se livrando do fogo lentamente,e minhas mãos então estavam livres.
O fogo foi subindo,mas fazendo o efeito contrario,se acabando e não espalhando.
E ele foi subindo,meus tornozelos,depois os joelhos... as coxas...
Então eu ouvi,meu coração cambaleante lembrava as ultimas notas do samba enredo de uma escola na avenida,saltava e dava paradinhas.
Até que... oh!
Meu coração deu sua ultima batida hesitante,e o fogo foi embora.
Não totalmente,percebi um milésimo de segundo depois.
Minha garganta ardia como se estivesse enfiado um cano de ferro que acabara de sair do fogo por ela.eu engoli em seco,estava com sede... e eu sabia que não era de água.
Apalpei meu corpo ainda de olhos fechados,milagrosamente ele não havia virado um monte de cinzas.abri meus outrora olhos chocolates,que agora deviam estar vermelhos.
Eu enxergava como nunca achei ser capaz,eu via cada partícula de poeira,cada lasquinha da madeira... tudo.
Olhei para fora da janela,embora fosse noite,eu via tudo nitidamente até a rodovia.
E escutava,céus,eu estava escutando até mesmo a voz de Jessica Stanley em sua casa do outro lado da cidade.
Aquilo era o Maximo,eu conseguia sentir cada cheiro a cerca de 20Km...
Eu ri,e minha risada saiu como um tiritar de sinos de igreja,me fazendo soltar o ar surpresa.me sentei na cama,e vi Jasper sentado novamente na cadeira de balanço.
Eu sorri pra ele.
--e ai? Como eu fiquei de vampira fodona?-perguntei rindo,o som da minha voz me surpreendeu de novo,parecia mais com... uma das Cullen do que comigo.
Jasper jogou a cabeça pra trás e riu,e eu pude ver seus traços melhor do que em todo esse tempo em que “moramos” juntos.
Meu amigo era mais bonito do que meus olhos humanos podiam ver,as cicatrizes somente acentuavam suas feições perfeitas.
Lembro de Jessica tê-lo chamado de “Loiro com cara de dor” no meu primeiro dia,bem,Jessica definitivamente não tinha bons olhos,Jasper podia estar sofrendo,mas dor era a ultima coisa que sua expressão demonstrava.
[N/A eu sei que a Jessica só fala isso no filme e que eu sempre me baseio nos livros,mas é que me veio na cabeça de repente e eu tive que por.]
Assim que parou de rir,me olhou,os olhos ainda risonhos e a sombra do sorriso em seus lábios.
--yeah... você ficou ótima de vampira fodona!-disse divertido,eu ri.
Depois resolvemos meus assuntos pendentes em Forks,que se resumiam em encenar um suicídio e um enterro,e colocar minha casa no nome de Isadora Whitlock,minha suposta melhor amiga de Phoenix,de quem eu nunca falei.
Mas eu e Jasper conseguimos persuadir eles,por algum motivo estranho,eu conseguia como Jas,controlar e sentir as emoções alheias,mas diferente dele,eu podia ligar e desligar a hora que eu quisesse.
Feito isso,resolvemos nos mudar... um lugar seguro o bastante onde pudéssemos sair de dia,onde houvesse uma boa universidade pois Jasper queria fazer Filosofia e eu,bem,eu queria fazer faculdade,mas ainda não sabia qual.
Acabamos nos mudando para Vancouver, no Canadá.
E la ficamos um bom tempo,e foi la que eu descobri,o meu dom.

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